O concurso para ingresso no Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) exige de seus candidatos habilidades de natação que são essenciais para a atividade.
Durante o curso de formação, os militares são submetidos a cerca de 200 horas de instruções que envolvem natação, salvamento aquático e mergulho. Para conclusão do curso, o militar em capacitação tem que mostrar aptidão e alcançar uma nota mínima em provas com diferentes tipos de salvamento de vítimas em ambiente aquático.
Nesta semana, vídeos divulgados no Instagram da corporação mostrando algumas atividades realizadas no treinamento em Belo Horizonte chamaram a atenção da população nas redes sociais. As imagens são de treinamentos realizados no Clube dos Oficiais Militares Mineiros, que apoia as instruções de salvamento aquático.
Em um deles, os militares realizam uma dinâmica de adaptação e resistência submersa em uma piscina com 5 metros de profundidade, onde jogam “pedra, papel e tesoura” para treinar apneia, a capacidade de ficar debaixo d’água sem respirar.
“Jamais faça apneia submersa sem alguém por perto. Você pode ficar inconsciente e acabar se afogando, mesmo em águas rasas. Nossos militares passam por treinamentos constantes e possuem condições adequadas para cada atividade”, ressalta o CBMMG no vídeo. Em caso de emergência, é preciso acionar os militares pelo telefone 193.
Os bombeiros militares precisam estar preparados com técnicas aprimoradas e segurança para agir em situações de resgate, onde podem enfrentar obstáculos, águas turvas, correnteza. No treinamento, eles também aprendem a superar o medo de altura. Em uma das postagens, um militar salta da plataforma mais alta da unidade, que tem 10 metros.
Durante a carreira, os bombeiros têm a oportunidade de se especializar, por meio de cursos de qualificação nessas áreas, somando mais 180 horas de capacitação, em um mês de duração, permitindo que atuem com segurança em situações que envolvem risco de afogamento.
Atualmente, há cerca de 400 alunos na Academia de Bombeiros Militar, entre os cursos de formação de praças e oficiais que passam pelo treinamento de salvamento aquático e prevenção a afogamentos.
Há 22 anos na corporação, o capitão Fabrício Eduardo Dalfior, do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, atua há 11 anos na formação dos militares. “Além da técnica, de ensinar a como abordar a vítima e fazer a retirada em segurança, trabalhamos também a parte da prevenção, contando que esses militares, depois de formados, levarão a toda Minas Gerais as orientações. Melhor do que resgatar uma vítima, é evitar que a pessoa se torne uma vítima. A prevenção é sempre a melhor saída”, ressalta.
O capitão Fabrício é um dos militares que aparece no vídeo da dinâmica acompanhando os bombeiros submersos. Ele lista alguns aspectos trabalhados na formação. “Durante as disciplinas, são abordadas tanto a parte do resgate em si, que é o militar entrar na água, fazer o nado, a abordagem, retirar essa vítima tanto em superfície quanto em profundidade, e também existem provas de apneia. O militar precisa de uma capacitação para chegar até essa vítima submersa e fazer o resgate em segurança”, explica.
“Lembrando que todas essas atividades são acompanhadas diretamente pelo instrutor e em um ambiente controlado. Nunca se deve repetir esse treinamento em casa, ou em um rio ou lagoa”, enfatiza o oficial do Corpo de Bombeiros.
Alerta sobre afogamentos
O tempo seco e ensolarado faz com que a procura pela diversão em piscinas, rios, lagoas e balneários seja cada vez mais frequente pela população. Nesta época do ano, com as férias escolares, a preocupação se torna ainda maior já que as crianças estão em casa e os pais sempre procuram alternativas para a diversão dos pequenos.
Em 2022, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) registrou cerca de 260 óbitos por afogamento em todo o estado. Já, neste ano, até o dia 10/12, 306 pessoas perderam suas vidas pela mesma razão. As causas são as mais variadas, mas na maioria das vezes estão associadas à imprudência e ao consumo excessivo de álcool.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), quatro crianças morrem afogadas diariamente no Brasil. Durante todo o ano de 2022, o CBMMG atendeu pelo menos seis casos de crianças, de zero a 11 anos, que perderam suas vidas por afogamento. Em contrapartida, em 2023, já foi registrado quase o dobro de óbitos, considerando essa faixa etária.
Ainda de acordo com a Sobrasa, quase 60% das mortes na faixa de 1 a 9 anos ocorrem em piscinas e residências, e que a cada três dias uma criança morre afogada em casa.
Os registros de atendimentos do CBMMG demonstram que o perfil dos óbitos por afogamento em Minas Gerais é 90% de homens, com idade entre 17 e 26 anos, sendo a bebida alcoólica um dos principais fatores contributivos de afogamentos.
Funcionando como um estimulante, o uso indiscriminado do álcool faz com que seus usuários adotem ações mais ousadas e de exposição ao risco.
Além disso, a não utilização de equipamentos de segurança, como coletes e boias, é detectada em praticamente todos os afogamentos com resultado de morte, o que demonstra a importância do uso desses materiais.
Para reduzir esses números, é necessário reforçar as ações de prevenção e conscientização dos cuidados a serem tomados nos momentos de lazer. Nesse período, os militares intensificam a presença nos locais mais críticos, reforçando a conscientização por meio de ações coordenadas.
Confira dicas fundamentais que podem evitar mortes e acidentes em piscinas, rios, lagos e outros locais de banho:
● Procure um local conhecido por você ou por outra pessoa, desde que ela o acompanhe
● Não ultrapasse faixas e placas de avisos
● Não entre em locais onde há avisos de perigo de morte ou em águas poluídas
● Procure sempre local onde exista a presença de guarda-vidas ou o Corpo de Bombeiros Militar
● Evite nadar sozinho
● Não tome bebida alcoólica antes de entrar na água
● Não se afaste da margem
● Não salte de locais elevados para dentro da água
● Não tente salvar pessoas em afogamento sem estar devidamente habilitado;
● Prefira lançar objetos flutuantes para salvar pessoas ao invés da ação corpo a corpo
● Identifique nas proximidades a existência do salva-vidas e permaneça próximo a ele
● Evite brincadeiras de mau gosto (“caldos”, trotes, saltos)
● Acate as orientações dos bombeiros ou dos salva-vidas
● Não abuse se aventurando perigosamente
● Não deixe as crianças sozinhas
● Evite navegar com carga em excesso na embarcação
● Só deixe entrar na embarcação pessoas usando coletes salva-vidas
● Somente conduza embarcações se for habilitado para isso