A Emater-MG tem incentivado o plantio de alho na Zona da Mata mineira. Em sete municípios, a empresa tem mobilizado agricultores familiares a investir na cultura, com o objetivo de comercializar o produto para escolas, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
As ações englobam os municípios de Astolfo Dutra, Cataguases, Dona Euzébia, Itamarati de Minas, Rodeiro, Rio Pomba e Rio Novo. O trabalho de mobilização dos produtores incluiu reuniões, eventos e visitas técnicas. A partir daí, 15 famílias de agricultores fizeram a compra conjunta de alho-semente livre de vírus, o que garantiu melhor preço. O grupo adquiriu 60 quilos de alho-semente de uma propriedade credenciada pela Embrapa Hortaliças.
O plantio ocorrerá, nos municípios, em abril de 2024. Segundo a coordenadora regional da Emater-MG em Cataguases, Luciene Aparecida de Oliveira, será utilizada a variedade Amarante, que possui maior sanidade fisiológica e se diferencia das demais por apresentar dentes maiores e em menor número. “O alho é uma planta que necessita de frio para que ocorra a formação do bulbo (“cabeça”). Na Zona da Mata, o cultivo só é viável a partir de abril, quando as temperaturas ficam mais amenas. Nestes municípios há regiões propícias”, diz a coordenadora.
A colheita deve ocorrer de agosto a setembro de 2024. A expectativa é que sejam colhidos 900 quilos de alho numa área de 600 m². Para a próxima safra, espera-se que novos agricultores possam investir na atividade, aumentando a produção e a área cultivada nos municípios. De acordo com Luciene de Oliveira, as lavouras serão utilizadas como unidades demonstrativas para a realização de eventos e divulgação da atividade na região.
De olho no Pnae
Para garantir espaço no mercado institucional, a Emater-MG tem orientando os produtores sobre todos os procedimentos técnicos e documentação necessária para que eles possam participar do Pnae, em 2024. O programa do governo federal, estabelecido pela Lei nº11.947, garante que 30% dos recursos para a merenda escolar sejam destinados à compra de gêneros alimentícios produzidos pela agricultura familiar.
De acordo com a coordenadora, Luciene de Oliveira, a demanda das escolas da região por alho é maior que a oferta. “Se armazenar (o alho) de maneira correta, é possível a oferta durante todo ano. Isso irá gerar renda extra ao agricultor familiar”, explicou.
Cinco das famílias que adquiriram as sementes pertencem à Associação dos Remanescentes Quilombolas Atingidos da Barragem da Comunidade dos Coelhos de Rio Pomba. Elas irão trabalhar em conjunto no cultivo de 10 quilos de alho, seguindo os princípios agroecológicos. De acordo com o técnico da Emater-MG em Rio Pomba, Bruno Sant’Anna, a produção será destinada ao Pnae. “ O programa é imprescindível para que as famílias tenham um retorno pelo o trabalho que estão iniciando. Devido à grande demanda por parte das escolas, o alho tem sido bem valorizado nas compras do Pnae”, diz.
A presidente da associação, Maria Natalina Martins Aparecida, desde 2013, comercializa hortaliças e feijão por meio do programa. A partir de sua experiência, ela acredita que a venda de alho para as escolas dará bons resultados para as famílias. “É uma ótima oportunidade”, diz.